sábado, 2 de agosto de 2014

Real.

Eu achei que você conhecia cada pedaço de mim. A minha bagagem, já velha e empoeirada, os meus medos futuros e os meus anseios.
Eu pensei que você me enxergasse, assim, como sou, um caos de sentimentos e idéias, sonhos e medos.
Ao olhar para mim o que é que você via?
Me desculpe por não ser apenas uma doce ilusão.
Eu sou real,
Qualquer parte, fala, membro, órgão, célula...
É tudo realidade. É parte de mim. Assim como você é.

Ainda estou tentando entender o porque você insiste em tentar tirar cada parte de mim.


Até restar apenas...





O vazio.



quarta-feira, 12 de março de 2014

Clareza

Tá tudo uma bagunça. Uma verdadeira confusão.
E como fazer para se achar em meio ao caos?

Nada vai bem. Parece tudo errado.
Eu fujo disso com todas as forças pra tentar me encontrar.
Me sufoco no vazio de tudo que um dia nós fomos, que um dia eu fui.

Tomei muito tapa na cara pra aprender a viver.
E ainda tenho dúvidas se realmente aprendi.

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Quando eu tinha 4 anos conheci a filha de um amigo da minha mãe. Ela tinha dois irmãos, ambos mais velhos. Como sempre fui muito moleca logo fiquei muito próxima ao irmão mais velho dela: Ramon.
Ele e eu aprontávamos todas e veio a se tornar o meu primeiro amor na infância. Éramos muito próximos, mas um dia a doença veio e logo o levou. Lembro-me da menina menor, com 14 anos, chorando aos prantos no velório, desesperada e perdida. Logo a abracei e segurei suas mãos. Tentei animá-la de todas as formas e os meses que se seguiram pareceram eternos. Era incabível pra mim que tanto sofrimento fosse incutido a uma pessoa tão serena e boa como ela. Ali, encontrei a metade que faltava em mim. Era, pra mim, a minha metade despedaçada e vazia. Tomei-a para mim e cuidei com carinho. Ninei em meus braços. Banhei-a na minh' alma. Com o tempo ela cresceu, ganhou forças e enfrentou o mundo. Mas continuou sendo a minha metade, só que agora forte, destemida e corajosa. Viveu e sofreu todas as desgraças e infortúnios na vida e continuou ali de pé. A admiração me tomava e cada vez mais a presença dela enchia a minha vida de alegria. Exemplo de pessoa, ela era uma pessoa brilhante e radiante, onde chegava conquistava a todos e ganhava todos os corações. Ganhei a vida vendo-a desabrochar tão lindamente. Um dia, minha menina, minha metade, um verdadeiro pedaço de mim se perdeu.... E eu me perdi junto. Onde você for, eu vou. Se você pula, eu pulo. E se você morrer... Eu morro.



Para Luciana,
com o maior amor que houver nesta vida e em mim.

Eu te amo.
 

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Insustentável.

A situação está insustentável, mas eu não vejo nenhum de vocês tentando melhorá-la.
Na hora de explodir e jogar tudo na cara é instantâneo, parece que foi de todo ruim.
Nunca lembrando das coisas boas que passaram. Aliás, não lembro das vezes em que agradeceram por alguma coisa boa.
É um tal de egoísmo que eu nunca vi.
Gostam mesmo é de criticar, meter o bedelho quando a vida não lhes pertence e gritar com pessoas que nada tem a ver com a sua incapacidade emocional.
O segredo da felicidade está naquelas pequenas coisas, que vocês com certeza não conseguem lembrar. No sorriso, em um segurar de mãos, em uma conversa na sala enquanto fumávamos um cigarro ou em um dia de sábado a tarde quando almoçamos todos juntos.
É insustentável porque vocês assim o deixaram. Porque não tiveram a coragem de chegar e abrir o coração e conversar.
Eu lavo as mãos porque dei o melhor de mim. E Deus sabe quanto eu tentei deixar as coisas menos 'insustentáveis'. Mas chega uma hora que o problema não sou eu, e sim o outro lado, que nunca está disposto a tentar.

Que a terra lhes seja leve.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Caixa de Pandora.

Eu acredito que todo mundo tenha uma caixa de pandora dentro de si.
Uma lembrança que quando libertada te prende e te amarra no turbilhão insano que é a mente e o coração.
Dias assim me dão agonia.
Eu concordo que aprendemos com o passado, porém o maior obstáculo a ser enfrentado é o de tentar se perdoar, tentar deixar para trás.
Não é uma tarefa fácil olhar para trás e sorrir, mas eu tentei. Do fundo do meu pequeno ser. Com toda a força que tinha em mim. Mas machuca. O passado arde como gelo e queima como o fogo.
Eu realmente gostaria de ser como um rio corrente, subindo e descendo montanhas, bravamente, para no final desaguar em um grande oceano.
Sentir a calma e a serenidade. Simplesmente deixar a maré me levar.

Acho que estou mais para um lagoa parada, estática, remoendo feridas e mágoas. Essa angústia que queima em meu peito como uma flechada certeira em um alvo.

As lembranças vem como um álbum de fotografias, tanto as boas quanto as ruins. Pode ser comparado a uma pancada forte na boca do estômago, daquelas que fazem você regurgitar palavras sem sentido, suas pernas bambeiam e a dor te atinge como nunca.

E preso, ali dentro, um grito de socorro te inunda.

E nos caminhos e tropeços da vida, a caixa de pandora é aberta várias vezes.
E o que você vai fazer?

Eu continuo sempre em frente. A vida já me mostrou que em todos os caminhos o gelo arde e o fogo queima, que toda lembrança é em si um pouco dolorida e que a saudade pode ser cruel.
Um dia tudo isso passa. Nem que demorem meses, anos ou décadas.
A caixa de pandora um dia será enterrada em seus confins interiores e será esquecida, para nunca mais ser aberta.




sábado, 9 de novembro de 2013

Descontinuidade.

Relacionamentos são como tragos de um cigarro. Você inspira, puxando a fumaça para dentro, e logo depois expira, exalando a fumaça para fora. É uma sensação de calma, de "tudo está bem". Mas com o passar do tempo aquilo já não faz mais tão bem assim, e então, começa-se o processo conhecido como: desintoxicação. 
Meus relacionamentos podem todos ser comparados a um cigarro, vício que, até hoje, nunca larguei. 

Sempre fui banhada por uma descontinuidade, como se vivesse apegada ao passado, por motivos que desconheço, quem sabe por ter medo do incerto futuro e da insegurança.
Ah! Nunca fui de ter meus dois pés fincados no chão.

A desintoxicação é sempre a pior parte. É quando nos damos conta de que teremos que continuar sem uma parte nossa. 
Uma hora tudo acaba. Aquela coisa de "contos de fadas" é o que colocam na nossa cabeça para não deixarmos a esperança de lado. 
O grande ponto é que a esperança nos faz construir ilusões e nos apegar aquilo que um dia fomos, aquilo que um dia tivemos, uma descontinuidade total. No final, nós ainda torcemos para o "e viveram felizes para sempre".
Porém não somos ingênuos o suficiente para compreender que o "para sempre" é muito tempo e todos nós estamos fadados a um destino trágico: a morte.
A vida pode ser um verdadeiro drama, mas somos nós quem decidimos o final desse filme e os caminhos a se trilhar.
As perguntas presas no nosso íntimo, caem na calada da noite, silenciosas pelo travesseiro. A culpa nos sobrecarrega, sempre nos perguntando "onde eu errei?" ou "o que foi que eu fiz?". O sentimento de não ser o suficiente nos lava a alma de uma dor excruciante. 
E a vida segue, assim, no mais ou menos, no meia-boca... Até que um dia você conhece alguém. E se apaixona. E ama. E chora. E se machuca. E termina.

A vida é um inexplicável ciclo de idas e vindas.
Você pode até estar preso na descontinuidade, assim como eu, mas um dia aprende a caminhar com as próprias pernas, aprendendo com os erros do passado e convivendo com as boas memórias.
Um dia tudo fica pra trás, por mais improvável que isso pareça agora. Tudo passa. Tudo passará. Até mesmo as juras de amor eterno e a esperança. E de repente...  
Você tropeça em outra pessoa no caminho. 


Para Jade - com todo o meu amor e carinho.
Eu te amo.
Dexter.


quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Full moon sways...

O copo está transbordando. De serenidade. De amor. De calor.

Esse sentimento de continuidade, de segurança, de calma que sempre esteve em mim.
Aquela voz dentro da minha cabeça que gritava:

 "LIFE GOES ON". 

Eu me descontrolei, confesso.
Eu tive medo, confesso.
E principalmente... Eu quis fugir com todas as minhas forças.
Me apegando ao passado para não pensar no futuro. 
É engraçado como o medo simplesmente nos cega.


A minha voz embargada pedia: 
"Não me deixe, não me troque... Eu te amo, por favor".
Às lágrimas escorriam e o medo em mim se tornara tão intenso que a dor parecia física.
Eu estava aterrorizada com a idéia de perdê-lo. 

"Shh, eu não vou fazer isso. Você é tudo o que eu quero, tudo o que eu preciso."

"Mas você vai achar alguém melhor, eu sei que vai".

"Eu NÃO vou achar alguém melhor. Eu quero você. VOCÊ! E ninguém mais! Eu te amo, linda. Muito. Muito".

E de repente um calor me inundou. 
Era como se o mundo tivesse parado.
Ele continuou ali, a me abraçar, enquanto me encarava profundamente com uma feição de dor. 

"Me dói te ver assim. Não chora, por favor. Eu te amo". 

Foi como se finalmente alguém me tirasse de um oceano de mágoas, tristezas e arrependimentos.
A cada dia que passa, tudo o que eu passei se torna irrelevante. 
É um dom absurdo que ele tem de curar as minhas feridas.

Foi como se minh'alma transbordasse de uma alegria, de uma paz e de um grande amor. 

E nos seus braços eu me sinto completa. 
Eu te amo.
Obrigada.


"Se nós nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas

Diz com que pernas eu devo seguir;

Se entornaste a nossa sorte pelo chão

Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu".  
Chico Buarque, Eu te amo.







quinta-feira, 4 de julho de 2013

Reciprocidade.

As palavras sempre engasgadas na garganta. Um grito sem sentido que ecoa de cada parte de mim.
Meu coração me trai, porém minha mente ainda tenta permanecer.
Perecendo na insanidade dentro de mim.
Um querer sem poder.
É como se tudo fosse engolido por uma obscura e profunda tristeza. Mas nada tem um sentido, nem mesmo ela, ele ou eu.
Incapacidade, impotência...
Inútil.

Está bem na minha frente, mas não posso alcançar.
A distância corre como rios descendo as montanhas.


Um dia conheci um cara com uma guitarra telecaster. Sabe, essa guitarra é a minha preferida, sempre tive um carinho especial por ela. Mas na cena eu não enxergava a guitarra, conseguia apenas ver um garoto perdido que tocava com a alma.
Aquela sensação eu não esqueço... E nem sei se um dia eu conseguiria.
Foi um momento que me marcou.

Momentos, é.
Eles vem, passam e deixam seus rastros dentro de cada um.
Minha vida é particularmente feita desses pequenos momentos, pequenos sorrisos, pequenos olhares.

E cá estou,
solitária,
cigarro queimando,
atordoada.

Agora já não sei pra onde ir,
ou pra onde voltar.

Um dia conheci um garoto com uma guitarra telecaster...
E a minha vontade era ter dito 'vamos fugir?' .

Breathe, breathe in the air.
Don't be afraid to care.
Leave but don't leave me.
Look around and choose your own ground.
(...)
Home, home again
I like to be here when I can.